Por Alisson, PR7GA



Nathaniel Frissell, W2NAF, radioamador e professor do Departamento de Engenharia Elétrica e Física da Universidade de Scranton nos Estados Unidos, ganhou um subsídio de 1,3 milhão de dólares (cerca de 5,5 milhões de Reais) da National Science Foundation (NSF) para estudar os efeitos do clima na ionosfera por meio de uma rede de estações de radioamador. 

O projeto, chamado de "DASI", sigla em inglês para "Conjunto Distribuído de Pequenos Instrumentos", consiste em reunir dados fornecidos por universidades e radioamadores de todo o mundo num grande sistema que será disponibilizado para pesquisadores interessados em estudar o clima espacial. Os dados fornecidos serão coletados por meio das chamadas "estações meteorológicas espaciais individuais". Espera-se que este projeto seja implementado dentro de três anos.


A meteorologia espacial é um campo especialmente atrativo tanto para radioamadores quanto para cientistas. Ao estudar o clima espacial, alguns objetivos podem ser destacados:

• Descobrir as melhores frequências para DX
• Melhorar as comunicações durante emergências
• Entender melhor o funcionamento da Ionosfera
• Aperfeiçoar sistemas de navegação
• Proteger satélites e sistemas de distribuição de energia contra danos causados por distúrbios eletromagnéticos

Frissell, W2NAF, é mais conhecido na comunidade radioamadorística como o fundador do HamSCI, uma iniciativa que visa divulgar projetos que unam o radioamadorismo e a pesquisa científica. Segundo ele, medir e entender melhor as variações na ionosfera é importante, porque essas mudanças podem afetar os sinais de rádio baseados tanto na Terra e no espaço. E estas mudanças, por sua vez, podem afetar a comunicação via satélite, sistemas GPS, as faixas de HF e muito mais. 

Num estudo anterior denominado “Modelando a resposta ionosférica ao grande eclipse americano de 2017 por meio do radioamadorismo”, publicado em Geophysical Research Letters, Frissell mediu as variações na ionosfera durante o eclipse solar utilizando dados coletados por radioamadores participantes do projeto. Sua nova iniciativa expande esse modelo e desenvolverá novos equipamentos para coletar e analisar dados adicionais.


Numa entrevista à ARRL, ele revelou estar muito empolgado com o financiamento conseguido. Disse ainda que essa doação demonstra que a NSF está reconhecendo o bom trabalho que nós, radioamadores, estamos fazendo, além da contribuição que podemos dar no futuro. E não somente a NSF, mas também que a comunidade científica está levando o radioamadorismo a sério. 

O equipamento de monitoração do clima espacial será desenvolvido em dois níveis de sofisticação - um de baixo custo e fácil de usar para radioamadores e outra versão mais complexa para universidades que permitirá a coleta de dados adicionais.

O equipamento e a rede composta pelas muitas estações permitirão medir e caracterizar as variações ionosféricas e geomagnéticas de curto prazo e em pequena escala, mas numa grande extensão geográfica, a fim de entender a resposta da ionosfera ao clima espacial e às forças atmosféricas.

Frissel espera que, ao baratear os custos, manter tanto o hardware quanto o software abertos e envolver-se diretamente com a comunidade de radioamadores, esse projeto tem grandes chances de ser disseminado de forma generalizada.

No próximo ano, acontecerá o encontro HamSCI 2020, de 20 a 21 de março, na Universidade de Scranton. Além do financiamento para seu projeto, o cientista-radioamador também espera aproveitar a oportunidade para fundar um clube de radioamadores na Universidade de Scranton. 




Fontes:



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