O Serviço Radio do Cidadão teve seu início  Estados Unidos em 1947, porém não em 27MHz, mas na banda de 460-470 MHz, que foi a primeira faixa alocada oficialmente pelo FCC, a Anatel americana.

A ideia da criação da banda se originou em reuniões internacionais, logo após o término da Segunda Guerra Mundial, quando os países desejavam dar aos seus cidadãos um meio de comunicação mais livre, sem a necessidade de cabos ou fios e ao mesmo tempo sem muita burocracia para sua execução. Naquela época, o governo americano estava com um grande número de equipamentos militares que nunca foram usados na II Grande Guerra, e assim, tiveram a ideia de estimular seu uso pela população como “hobby" com o objetivo de livrar-se daqueles rádios. Ao mesmo tempo, os radioamadores manifestaram o interesse de se comunicar com os cidadãos comuns, não técnicos, utilizando a frequência dos 27 MHz.

Porém, só em 1958 a FCC autorizou o uso de parte da banda dos 11 metros (27 MHz) que era compartilhada na época por radioamadores e usuários industriais para o Serviço Radio do Cidadão. A banda foi dividida em 28 canais, 5 dos quais foram reservados para equipamentos de telecomando (brinquedos e outros aparelhos controlados por controle remoto).

Típica estação móvel de rádio do cidadão

Em plena década de 70, nos Estados Unidos, o Radio do Cidadão alcançou a sua maior popularidade, onde vários filmes e séries de televisão como “Agarra-me se puderes” e “Os Gatões” mostravam as facilidades de se ter um rádio no carro ou na palma da mão e se comunicar com os amigos. Até mesmo a primeira dama dos Estados Unidos da época, além de atores e outras pessoas famosas, utilizavam os populares radinhos para se comunicarem.



 Cartaz do filme "Agarra-me se puderes"


Propaganda da Faixa do cidadão a década de 1970

Em 1976 mais 17 canais foram adicionados, criando-se a faixa normalmente conhecida como Faixa do Cidadão que vai de 26.965 a 27.405 MHz (40 canais + 5 telecomandos). Em 1977, nos Estados Unidos, 15 milhões de norte-americanos possuíam licença para utilizar esta faixa, entretanto as autoridades estimavam em 100 milhões o número de aparelhos em circulação.

Em 1983 a FCC deixou de requerer a licença para operação após uma decisão da Suprema Corte dos Estados Unidos, que declarou ser inconstitucional licenciar o cidadão no direito da livre expressão pessoal e/ou comunicação. Isto acabou contribuindo para uma falta de cuidado no conteúdo das transmissões e popularizou o costume de se dar “apelidos” às estações ao invés de usar o indicativo.



A faixa do cidadão no Brasil



Em 1965, mesmo ilegais, grupos de Radioamadores e também iniciantes do Brasil inteiro, usando equipamentos de montagem própria, já operavam nas frequências de 27mhz apaixonados pelo baixo QRM (comparados as bandas de 40 e 80 metros) e o uso de antenas menores e eficientes. Eles eram reconhecidos provisoriamente pelos serviços de fiscalização de Radio Amadores e classificados como BX (carinhosamente chamados de BATATA XINGÚ) a qual cabiam a eles todas as responsabilidades de eventuais interferências.


MotoRadio, um ícone da indústria nacional, também lançou seu transceptor de 23 canais

Outro modelo de transceptor da época, também de 23 canais

Em 1970, o serviço de Rádio do Cidadão foi introduzido oficialmente no Brasil, inicialmente com 23 canais e mais 5 telecomandos imitando a legislação americana e tendo seu uso destinado para fins profissionais e familiares. Em 1979, o número de canais foi ampliado para 60, e mais tarde, para 80, o que corresponde à configuração atual tendo a frequência de 26.965 MHz como canal 1 e 27.855 MHz como canal 80 (80 canais + 5 telecomandos).



Cobra 148GTL, praticamente o símbolo da Faixa do Cidadão

Uma curiosidade e uma grande diferença entre a faixa do cidadão e o radioamadorismo é que, como se destina aos cidadãos em geral, não é exigida nenhuma prova de conhecimentos para o seu uso. Além disso, é perfeitamente legal utilizar a faixa do cidadão para uso comercial. Num passado não muito distante, aqui em Campina Grande os primeiros serviços de radio-taxi utilizavam a faixa do cidadão para comunicação entre a central e os taxis. Era comum ver estes automóveis com suas antenas carinhosamente chamadas de “maria mole” nas ruas de nossa cidade. Porém, hoje em dia, este serviço migrou para a faixa de VHF.

Para obter o licenciamento de sua estação, basta ao cidadão preencher um formulário disponível no site da Anatel, anexar cópia dos documentos pessoais e remeter via correio para a sede da Anatel mais próxima. Ao receber os documentos, o setor de outorga do referido órgão entrará em contato com o interessado para remeter-lhe os boletos para pagamento, e em poucos dias, nasce um novo operador da faixa do cidadão. Maiores informações, visite o site da Anatel:

http://www.anatel.gov.br/setorregulado/radio-do-cidadao


ATUALIZAÇÃO: Atualmente, no Brasil, não é mais preciso licenciar uma estação, mas apenas realizar um cadastro simples para receber o documento chamado "Dispensa de Autorização" e assim estar legalmente autorizado a operar na faixa do cidadão. Mais detalhes, veja em https://www.gov.br/anatel/pt-br/regulado/outorga/radio-do-cidadao


Fontes:
http://propagacaoaberta.com.br/historia-da-faixa-do-cidadao-px/


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1 Comentários

  1. Excelente matéria, bem esclarecedora. Sugiro trocar a foto do Cobra 148GTL chinês com PTT frontal pelo modelo antigo com microfone lateral, este sim um clássico da faixa do cidadão.

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